IMPACTAÇÃO INTESTINAL
Considerações Gerais:
As cólicas são, injustamente, atribuídas à ração que se oferece ao animal. As causas da impactação, como na maioria das cólicas, estão associadas a um mau manejo.
O volumoso, alimento natural e ideal do cavalo, também pode, quando mal manejado, causar cólica nos animais.
As causas da impactação podem ser:
1.Utilização de fibras grosseiras: de baixa digestibilidade, é a principal causa deste tipo de cólica. Estas fibras podem ser oriundas de:
1.1.Feno cortado além do ponto, ficando com o talo muito grosso;
1.2.Feno deixado secar por tempo demasiado, ficando com o talo muito ressecado;
1.3.Capim fresco do tipo elefante (napier, colonião, etc.) cortados além do ponto ideal ficando com o talo grosso e ressecado.
2.Mastigação deficiente: ocasionada por problemas dentários;
3.Consumo de água inadequado: proporcionará fezes ressecadas;
4.Tédio: que poderá levar o animal à pica (ingestão de corpos estranhos, da cama, de areia, etc.);
5.Consumo de Água Inadequado: em cursos naturais rasos, como rios e lagoas, onde o animal ingere areia do fundo juntamente com a água.
6.Verminótica: causada após vermifugação em animais jovens com parasitismo intenso.
Apesar dos sintomas aparentes mais leves, a gravidade deste tipo de cólica é alta, levando, na maioria das vezes, o animal à cirurgia e também ao óbito.
Considerações Específicas:
Os movimentos intestinais (peristáltico, anti-peristáltico, segmentar e pendular) são movimentos induzidos por estímulos mecânicos; a ingestão exagerada de alimentos grosseiros, de baixa digestibilidade, provocará problemas no processo digestivo.
Com o oferecimento de volumosos grosseiros, ou em animais com problemas de dentição, teremos fibras de baixa digestibilidade, ricas em lignina, e o movimento peristáltico poderá ser aumentado causando cólicas do tipo espasmódica. Este aumento exagerado dos movimentos peristálticos poderá levar a quadros mais graves como volvo (torção de alça intestinal no eixo do mesentério), torção (torção de alça intestinal no seu próprio eixo) ou intussuscepção (invaginação de porção do intestino para dentro da porção seguinte).
Se houver uma sobrecarga desta fibra de baixa qualidade, ocorrerá uma estagnação do bolo fecal. Isto também pode ocorrer pela ingestão de corpos estranhos, que bloqueará a passagem do alimento.
Se esta estagnação ocorrer no Intestino Delgado, chama-se Quimostase. O curso deste tipo de cólica é rápido, variando de 6 a 12 horas no duodeno e jejuno e de 2 a 4 dias no íleo. Se for no duodeno e jejuno, observam-se crises de dor violenta, o animal cai e levanta rapidamente, pode ocorrer icterícia por crise toxêmica do fígado, há desidratação por obstrução do ciclo da água. Caso ocorra no íleo, há inquietação, perda de apetite, olhadas para o flanco direito, animal fica em posição de micção, levanta e bate a cauda. A morte pode ocorrer por ruptura de alça intestinal, dilatação gástrica secundária ou por enterotoxemia.
Se ocorrer no Intestino Grosso, normalmente no ceco, na flexura pelviana do cólon e no início do colon menor, chama-se de Coprostase. Também pode ser causada por intoxicação por amitraz (carrapaticida). Os sintomas desenvolvem-se gradualmente. As crises de dor são fracas e podem durar dias. Os animais deitam-se com cuidado, olham o abdômen, assumem posição de micção, a eliminação de fezes é rara e em pequenas quantidades.
Em um bom processo digestivo, o conteúdo do intestino delgado é semi-líquido, ficando mais firme no intestino grosso, onde ocorre absorção de água.
O cavalo produz, em média 40 litros de saliva (animal de 400 kg) por dia. Esta quantidade estará aumentada conforme o alimento seja mais grosseiro e diminuída se o alimento for tenro. Se houver ingestão ineficiente de água, haverá problemas no processo digestivo, aonde o alimento já chegará ao estômago mais ressecado e mais ainda no intestino grosso, causando a impactação por fezes ressecadas.
No caso de verminose intensa, ao se utilizar um vermífugo altamente eficaz, que age inibindo a transmissão neuro-muscular dos helmintos, estes ficam paralisados no Intestino Delgado, se enovelam causando obstrução, impedindo a passagem do alimento. Pode ocorrer refluxo nasal contendo vermes (Parascaris equorum). Ocorre uma ação alérgena e tóxica dos vermes mortos que pode levar o animal a um choque toxêmico. Pode-se ainda observar perfurações ou rupturas intestinais, peritonite, intussussepção.
PREVENÇÃO
Como todas as cólicas, um bom manejo alimentar é fundamental para se prevenir e evitar a impactação.
Fibras
A utilização de fibras de boa qualidade deve ser condição primordial para um bom manejo alimentar.
Se utilizar feno, observe a qualidade deste feno, se não está com talo exageradamente grosso e se não está ressecado demais.
Se utilizar capim picado, não deixe passar o ponto ideal de corte que está ao redor de 1,60 e 2,20 de altura. É comum observarmos no período de sêca, capineiras com 3 , 4 e até 5 metros de altura. Muitos tratadores tentam minimizar isto picando este capim bem curto e muitas vezes colocando um pouco de farelo de trigo por cima para o cavalo comer o capim. Isto não só não melhora a digestibilidade do alimento como obriga ao cavalo ingerir alimento de baixa qualidade nutricional e que pode causar os problemas descritos. O ideal é oferecer este capim inteiro ou picá-lo com um tamanho acima de 5 cm. Desta forma o cavalo ingere apenas a porção de qualidade do volumoso.
Dentes
Uma avaliação das condições dentárias de seu cavalo é muito importante para se prevenir de problemas no futuro. Hoje já existem diversos veterinários que estão se especializando em odontologia eqüina.
Água
Devemos avaliar as condições em que nossos animais ingerem a água. Ela está disponível sempre fresca e limpa e à vontade? Se o animal bebe em rio ou lagoa, será que ele está ingerindo somente água ou também areia?
Tédio
Será que as condições de vida que meu animal leva são adequadas? Ele é solto todos os dias? Ele está sendo alimentado adequadamente? Ele está com vícios, como pica, ingerindo substâncias que podem ser prejudiciais a ele?
Vermes
A aplicação periódica de vermífugos eficazes desde os 30 dias de vida do animal deve-se ser realizada, com repetições a cada 90 dias por toda a vida do animal. Caso haja suspeita de alta infestação em um animal jovem, deve-se proceder a uma aplicação de vermífugo mais fraco, ou sub-dose de um vermífugo de boa qualidade e, após 20 dias, deve ser aplicado a dosagem normal de um vermífugo eficaz.
Como toda e qualquer enfermidade que acomete os animais, o tratamento deve ser feito sempre por um veterinário. Aos primeiros sinais de alterações do comportamento que possam ser suspeitos de doença, não exite em chamar um profissional de sua confiança.
Confie também a este profissional de sua confiança dicas para o bom manejo de seu amigo eqüestre.


O CAVALO ATLETA
Introdução
O equilíbrio alimentar deve ser adaptado ao trabalho físico e ao tipo de prova esportiva, sendo essencial para o hipismo, otimizar o desempenho nas competições e torneios, permitir treinamento rigoroso e seleção menos aleatória dos animais, considerando-se as mais diversas finalidades, como corridas, galope, trote, salto, adestramento, enduro, pólo, caça, entre outros. O melhoramento efetuado com cavalos de corrida é a mais antiga, metódica e eficaz prática de criação, tendo sua origem séculos atrás, pelo princípio básico dos cruzamentos entre os melhores animais. No entanto, a qualidade dos alimentos e da alimentação destes não evoluiu da mesma maneira, estando presa à tradições simplistas e inadequadas às necessidades atuais do cavalo de competição, dando origem a problemas de fertilidade, crescimento esquelético e muscular, fadiga e cólicas, que comprometem todo um programa de treinamento e investimento dos criadores. Os prejuízos refletem-se sobre todos aqueles que atuam ou admiram a eqüinocultura de competição, se traduzindo em prejuízos na rentabilidade do haras; da hípica; da cabanha e consequentemente no sucesso na atividade.
Nutrição e Atividade Muscular
Em um cavalo de 500 kg de peso vivo, para atividade muscular estão prontamente disponíveis 9 kcal em ATP, 45 kcal em fosfocreatina, 18.000 kcal em glicogênio e 1.000.000 kcal em lipídios. Uma superalimentação predispõe o aparecimento de problemas ósseos como a osteocondrose prejudicando a saúde do animal e seu desempenho, enquanto, um excesso de carboidratos altamente fermentecíveis podem gerar distúrbios digestivos graves como as cólicas. Assim a adequação ou equilíbrio na suplementação energética deve levar em consideração a utilização metabólica e reposição destas reservas, seja em treinamento ou em competição.
O cavalo de corrida privilegia a velocidade e o cavalo de enduro privilegia a resistência, o que leva as diferenças significativas no metabolismo energético muscular, como a predominância da glicogenólise anaeróbica em relação à aeróbica e lipólise, respectivamente. Isto se deve aos tipos de fibras constitutivas dos músculos estriados, cujo conjunto enzimático condiciona à orientação de seu metabolismo, consequentemente, a rapidez na contração muscular. As fibras do tipo I têm grande capacidade aeróbica para utilização de lipídios, assegurando uma liberação progressiva de energia para contração, favorecendo o esforço de enduro. As fibras do tipo IIB têm menor capacidade oxidativa e maior dependência da glicólise com forte tendência de acumular ácido lático e altamente exergônicas, favorecendo a contração rápida ou de velocidade. Programas de treinamento adequados permitem a evolução para o tipo IIA com propriedades metabólicas intermediárias, porém, estas aptidões metabólicas são intrínsecas, e os resultados de um programa de treinamento são variáveis com a idade e características da raça e linhagem considerada.
O cavalo Quarto de Milha aparece como um super “sprinter” imbatível nos 400m, pois seus músculos são ricos em fibras de contração rápida, quando comparado com Puro Sangue Inglês e o Mangalarga Marchador. O cavalo das raças Crioulo e Árabe geralmente apresenta-se em padrão intermediário entre provas de explosão e aquelas de resistência. As demais raças que se destacam em provas de longas distâncias ou enduro distinguem-se por musculatura rica em fibras de contração lenta. Outro fator de relevância são as modificações hormonais que acompanham o tipo e intensidade de esforço físico, e também influenciam as recomendações nutricionais, e a elaboração de rações diferenciadas nas proporções entre amido, fibra, óleos e gorduras, como fontes de energia na dieta.
A alimentação deve primeiro evitar um excesso de peso, visando o equilíbrio da função do sistema ósteo-articular e força muscular, o que pode ser alcançado pela adequação dietética entre proteína e energia. Outro fator importante refere-se a suplementação vitamínica e mineral. A deficiência de alfa-tocoferol e selênio podem alterar a eficiência antioxidante e a resistência do sarcolema ao favorecer a saída intracelular de enzimas, que juntamente com a acidez lática, iniciam a desnaturação e ativam a hidrólise das proteínas musculares com possível necrose tecidual. Por outro lado, se a suplementação de colecalciferol, cálcio e fósforo forem deficientes, a anoxia celular e a acidose lática podem levar à desmineralização óssea e despolimerização do colágeno. Assim, convém impedir a acidose lática, evitando sobrecargas glicogênicas no músculo através de um controle alimentar, como a limitação no uso de sacarose antes das provas, acompanhado de um aquecimento muscular. Por outro lado, em provas de longa duração, a anaerobiose promovida na contração muscular permite reposição de ATP e fosfocreatina a partir da economia de glicogênio, e os ácidos graxos derivados da lipólise periférica assumem papel relevante como fornecedores de energia, sejam eles oriundos da dieta ou produzidos pela microflora simbiótica intestinal.
Outro aspecto que merece atenção é o problema da desidratação e hipertermia, especialmente em um prolongamento do esforço físico em clima quente, causando problemas metabólicos graves, como circulatórios pela insuficiência na oxigenação tissular, desintoxicação, desequilíbrio eletrolítico (sudorese) e rápido esgotamento do glicogênio muscular levando à fadiga e acidose lática (rabdomiólise). Como prevenção, deve-se fornecer água à vontade, associada à soluções protéicas, glucídicas e hiperiônicas. A perda hídrica pode atingir 15 litros / hora em cavalos de corrida e até 10 litros / hora em cavalos de enduro. A prática do banho e duchas para auxiliar no resfriamento da temperatura corporal e o fornecimento de sal mineralizado e uso de volumosos como fenos de gramíneas, também ajudam a reter água corporal e melhoram a resistência à fadiga ou estresse muscular.
Considerações Finais
Os modernos conhecimentos em nutrição eqüina permitem obter excelentes resultados zootécnicos e minimizar os problemas desencadeados por desequilíbrios nutricionais. Portanto, ao se elaborar estratégias alimentares que otimizem o desempenho esportivo e reprodutivo das raças de cavalos de competição, deve-se levar em consideração as exigências de cada categoria, a atividade física executada, e as particularidades fisiológicas da espécie.
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É autor também deste artigo Alex Martins Varela de Arruda, Professor Doutor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA. Depart


Ivermectina injetável para cavalos
Reproduzo aqui um artigo do Médico Veteirnário Henry Berger, sobre a utilização de ivermectina injetável para cavalos. Vale a pena ler com atenção sobre os fatos levantados por ele.
VALE A PENA INJETAR IVERMECTINAS PARA BOVINOS EM EQÜINOS?
Dr. Henry Berger, médico veterinário Merial Saúde Animal
Desde a introdução da ivermectina no mercado veterinário, há mais de duas décadas, a vermifugação e o parasitismo em eqüinos têm sido alvos constantes de inúmeros trabalhos de investigação científica por parte de pesquisadores e parasitologistas em todo o mundo.
Entretanto, mesmo com a existência de produtos em formulação pasta destinados exclusivamente para uso em equinos, como o Eqvalan, tem-se verificado uma intensificação no uso de ivermectinas injetáveis para bovinos em equinos, tanto pelas vias oral quanto pela intramuscular. A prática é motivada pela tentativa de redução de custos do haras ou da cocheira pelos criadores.
Além da relação entre custo e benefício da aplicação desses medicamentos em cavalos não ser favorável aos proprietários, carrega diversos riscos potenciais aos animais.
Em muitas áreas do Brasil, notadamente em Minas Gerais, interior do Rio de Janeiro e no Espírito Santo há forte tendência ao uso desses ivermectinas por via oral em cavalos.
Veja os riscos reais desse procedimento:
• Não há garantia de que haja absorção intestinal adequada destas formulações, não havendo consequentemente, garantia de eficácia da droga;
• Não há garantia de que as concentrações usadas para bovinos sejam compatíveis em biodisponibilidade com a espécie equina, o que pode acarretar sérios riscos de subdosificação;
• Alguns criadores, prevendo a incompatibilidade das concentrações entre bovinos e equinos, simplesmente “aumentam” de forma empírica e aleatória a dose injetável utilizada usualmente, podendo causar sobredosificação e desperdício;
• O veículo destes compostos pode ser altamente irritante à mucosa gástrica, levando ao aparecimento de gastrites e lesões erosivo-ulcerativas como as úlceras gástricas;
• Não há nenhuma comprovação científica de eficácia desta prática; o uso por parte de criadores tem se disseminado apenas pelo boca-a-boca, sem o respaldo de trabalhos sérios que corroborem dados de eficácia e segurança.
Em algumas áreas do Rio Grande do Sul, Nordeste e principalmente Centro-Oeste, o uso destas mesmas ivermectinas injetáveis para bovinos pela via intramuscular em equinos mostra-se como prática mais comum.
Conheça os riscos dessa prática:
• Não há garantia de que as concentrações usuais para bovinos sejam compatíveis e adequadas para equinos em termos de farmacocinética e farmacodinâmica;
• O veículo destes compostos favorece a anaerobiose, expondo o animal a toxemias sérias, clostridioses (há na literatura vários relatos de casos) e morte;
• O veículo destas formulações também pode causar intensas irritações e infecções locais, como estafilococoses purulentas, além de hematomas e fibrose do tecido muscular adjacente;
• Como a formulação não é adequada para emprego em equinos, em muitas situações observa-se a não-absorção do produto, havendo a formação de um cisto asséptico ou mesmo abscessos.
Veja as consequências da aplicação de ivermectinas para bovinos nos cavalos, seja pela via oral, seja pela injetável:
• Perda da função do membro ou região correspondente ao grupo muscular que recebeu a aplicação intramuscular, com inutilização deste animal para sua atividade usual, seja trabalho, esporte ou lazer;
• Brusca queda de performance, emagrecimento, perda de apetite, irritabilidade e recusa ao trabalho em função de lesões gástricas;
• Aparecimento de resistência parasitária à ivermectina, com recrudescimento da ocorrência de cólicas verminóticas trombo-embólicas e outras patologias correlatas ao parasitismo;
• Perda do direito ao seguro que eventualmente o animal venha a possuir;
• Gastos, muitas vezes infrutíferos, com medicamentos na tentativa de recuperar o animal;
• Morte.
Tendo em vista todos os aspectos observados, as relações de custo e benefício e de custo e riscos a que os animais estão expostos, fica evidente que tais práticas não compensam. O custo anual médio de um animal de 400 kg com vermifugação é de aproximadamente R$ 30,00 com produtos específicos para equinos. Se forem consideradas as médias dos últimos leilões Mangalarga Marchador, os custos com vermifugação destes animais na maior parte das vezes não ultrapassa 0,2% de seu valor individual em um ano inteiro.
Quando se observa, porém, o valor individual de animais de esporte de alta performance, a realidade fica ainda mais gritante. Os custos para animais de salto, adestramento, CCE, enduro, baliza e tambor, rédeas, vaquejada e marcha facilmente atingem cifras superiores a R$ 50 mil. No caso de cavalos de salto são comuns negócios de US$ 100 mil.
Além de todos os graves problemas e prejuízos físicos e econômicos a que cavalos e
proprietários estão sujeitos, há ainda o aspecto jurídico. Uma vez que o uso oral ou injetável de ivermectinas para bovinos em equinos também é prática ilegal, caso algum dos problemas já descritos venha a ocorrer, o proprietário do animal estará completamente desamparado pela lei, uma vez que na bula destes medicamentos não há indicação para a espécie equina, o que isenta os fabricantes de toda e qualquer responsabilidade civil ou criminal.
Por outro lado, veterinários que eventualmente apoiem a iniciativa poderão ser responsabilizados legalmente por proprietários lesados, pelo simples fato de utilizarem produtos “extra-label” sem advertir apropriadamente os mesmos quanto ao perigo em questão.
Por fim, há o aspecto de perjúrio frente às companhias seguradoras. Para que um animal seja segurado pelas empresas existentes no mercado é necessário que o veterinário responsável assine um laudo pericial contendo todas as devidas informações e histórico clínico do animal.
Neste relatório constam ainda dados sobre vermifugação e vacinação, que devem contemplar o uso de produtos específicos para equinos.
Imagine que seu cavalo, segurado em R$ 20 mil, cujo prêmio anual pago foi de mil reais, venha a desenvolver um processo de cólica e necessite ser realizada laparotomia exploratória.
Imagine ainda que este animal morra durante a cirurgia e a necrópsia revele trombo-embolismo verminótico. Certamente os peritos da seguradora investigarão sobre o histórico de vermifugação destes animais e descobrirão o uso de ivermectinas para bovinos injetáveis ou orais. Neste caso, além de não receber o valor do seguro e do reembolso cirúrgico, o proprietário e o veterinário correm o sério risco de serem processados por perjúrio e falsidade ideológica pela seguradora.
Utilize sempre vermífugos indicados para a espécie equina, produzidos por laboratórios idôneos.
Não exponha seu campeão a riscos desnecessários e injustificáveis.



MATÉRIAS PARA O LINK DE MATÉRIAS
Excesso de Selênio na Dieta
Muitas são as histórias que temos vivido e que são, sem sombra de dúvida, de interesse para todo clínico ligado aos cavalos.
Em 1999, prestando assessoria a um cavaleiro de nível internacional (por razões óbvias, vou preservar o nome e a atividade esportiva do cavaleiro), fui chamado por este cavaleiro para auxiliar na solução de um problema que estava ocorrendo com alguns de seus animais após algumas etapas de provas seletivas para uma competição internacional.
O problema que foi apresentado é que alguns de seus animais estavam apresentando início de Laminite logo após algumas provas (ligeira claudicação, pulso nos membros, etc.).
Claro que a suspeita principal recaiu sobre a ração (a ração, sempre a ração – precisamos repensar se o erro é da ração ou do manejo que damos a ela quando ofertamos ao cavalo).
Obviamente, antes de visitar o cliente, confirmei que não havia problema com a partida de ração que o cliente estava utilizando.
Chegando ao Centro de Treinamento, busquei todas as informações possíveis sobre tudo que os cavalos comiam, como era o Treinamento dos animais e em que condições ocorriam as competições em que os animais apresentavam o problema.
Constatando que o Treinamento dos Cavalos estava dentro da técnica adequada sem sobrecarregar os animais e as provas seguiam um nível adequado ao treinamento, comecei a analisar a alimentação do animal.
E aqui entra uma importante forma de observação. Os animais eram alimentados com o que havia do bom e do melhor. Feno de Coast-cross de excelente qualidade, concentrado equilibrado em ótima quantidade (3,5 a 4 kg ao dia de ração alta energia – para um animal de 450 kg) e uma boa gama de suplementos.
Aparentemente, poderíamos descartar a possibilidade de um problema nutricional, pois o animal estava recebendo tudo o que deveria. Os suplementos eram do tipo Minerais Quelatados, Vitamina E e Selênio, Eletrólitos, além, é claro, de sal mineral para Equinos.
E aí é que a coisa pega, pois o que nos parece equilibrado, na verdade está superalimentado. O que normalmente esquecemos de observar é se não há excessos alimentares na dieta de nossos cavalos. Excessos não são apenas por uma grande quantidade, mas também pela utilização de um elemento por um período contínuo, muitas vezes sem que haja necessidade desta suplementação.
Em nossos estudos, a literatura cita que “a administração contínua e ininterrupta de Selênio pode causar uma carência Induzida de Enxofre, mineral essencial para a formação de aminoácidos sulfurados, fundamentais para a formação do casco”.
Há aproximadamente 03 anos, este cavaleiro oferecia, ininterruptamente, um suplemento a base de Selênio e Vitamina E, independente do nível de atividade dos animais.
Foi suspenso o fornecimento deste Suplemento por 15 dias e somente oferecido aos animais em períodos onde a atividade física é mais intensa. Claro que esta atividade mais intensa ocorre na maior parte do ano, mas no chamado período de férias do animal, onde a atividade deve ser somente reduzida e não interrompida, não ocorre o fornecimento deste suplemento, além de um período de redução da atividade entre as provas e competições.
Retornando ao CT após 06 meses não ocorreram mais casos de início de Laminite, onde a dieta dos animais foi adequada ao nível de treinamento, inclusive o fornecimento dos suplementos.
Claro que não podemos afirmar com certeza absoluta, indiscutível, se foi o Selênio que causava esta patologia, mas, eliminando-se isto como causa, eliminou-se o problema.


Complementação Alimentar Equilibrada dos Cavalos
Para alimentação adequada do cavalo, devemos respeitar sua natureza, suprindo suas necessidades básicas.
É fundamental ter em mente que o cavalo é um animal herbívoro, que se alimenta especialmente de vegetais, normalmente chamados de volumosos, ou simplesmente “verde”, ou mesmo forrageiras. Estes podem ser fornecidos sob a forma gramíneas frescas, feno ou mesmo silagens.
Após termos suprido as mínimas necessidades para manutenção do cavalo, aí sim, conforme atividade a que vamos submetê-lo, seja um potro em crescimento, égua em reprodução ou cavalo de esporte e trabalho, devemos oferecer-lhe os complementos de uma alimentação, para que possamos atingir os níveis Energéticos e/ou Protéicos suficientes para suprir estas novas necessidades, mas sempre respeitando sua natureza, valorizando o volumoso.
A Ração na verdade deve ser chamada de complemento corretor, pois esta deve ser sua função: complementar e corrigir as necessidades do animal, que o volumoso disponível não consegue suprir. Ela deve ser equilibrada, oriunda de empresas idôneas para se ter garantia da qualidade do produto.
Existem vários tipos de apresentação de ração: Farelada, Peletizada, Laminada ou Extrusada.
Existem ainda as matérias-primas (aveia, milho, trigo, etc.) que muitos criadores/proprietários de animais oferecem misturado à ração balanceada. Ocorre que estas matérias-primas são, em geral, muito ricas em fósforo (a relação Ca:P pode ser de 1:3 quando o ideal é 1,8:1) o que leva a um desbalanceamento na relação cálcio/fósforo sanguíneo levando a graves problemas como a cara inchada.
Quanto às apresentações de rações industrializadas, não devemos nos preocupar com a aparência do produto (peletizada, laminada ou extrusada), mas principalmente com os níveis de garantia destes produtos.
Tecnicamente falando, um produto extrusado é superior a este mesmo produto laminado e este mesmo produto peletizado. Isto não quer dizer que qualquer produto extrusado é superior a outros, nem que toda ração laminada é superior às peletizadas, mas sim o que determina a superioridade de um produto em relação ao outro são os componentes que constituem esta ração.
O que mais importa na avaliação da qualidade de um produto são seus níveis de garantia, principalmente valores de qualidade de energia e proteína. A qualidade de sua energia também pode ser avaliada através do valor de seu extrato etéreo, que é o valor de gordura de uma ração, onde, se este valor for alto, a qualidade de sua energia, e também de sua proteína, deverão ser elevados.
Existem rações peletizadas no mercado que podem possuir qualidade energética e proteica muito superior às laminadas e extrusadas.
Devemos estabelecer realmente quais as necessidades do cavalo para podermos suprir de forma adequada e obtermos os melhores resultados de performance e também na saúde do animal.
A escolha da ração certa poderá fazer uma enorme diferença no resultado esperado em nossos animais.
Podemos dividir o manejo alimentar dos cavalos em 5 categorias básicas:
1.Manutenção: Onde as necessidades básicas podem ser supridas simplesmente com volumoso, sal mineral e água. Porém, se formos alimentar nossos animais com feno, por exemplo, o custo tende a ser mais barato se suplementarmos com uma ração de manutenção, com cerca de 10 a 12% de proteína bruta e 2 a 3 % de extrato etéreo. As quantidades não devem ultrapassar 1% do peso vivo do animal, sendo suficiente, muitas vezes, 0,5 a 0,8%. Isto é, para um cavalo de 400 kg de peso, não ultrapassar 4 kg diárias, sendo suficiente 2 a 3 kg, sempre divididos em 2 a 3 refeições.
2.Éguas em Reprodução: nesta fase, temos 2 sub-fases:
a.Início da Gestação – 1º ao 8º mês: necessidades semelhantes às de manutenção, onde uma ração com 10 a 12% de proteína bruta e 2 a 3 % de extrato etéreo podem ser suficientes.
b.Terço Final de Gestação (8º ao 11º mês) e Lactação: Necessidades muito elevadas em relação ao início. A ração já deve ter cerca de 15% de proteína bruta com 3 a 5% de extrato etéreo. A quantidade já deve ser no mínimo 0,9% do peso vivo, podendo chegar a 1,2% no início da lactação. Isto, para uma égua de 500 kg de peso vivo, um mínimo de 4,5 kg de ração eum máximo de 6 kg diários, sempre divididos em 2 a 3 refeições.
3.Potros em Crescimento: Dividido em 3 fases:
a.Potro em Lactação: O potro começa a ingerir alimento sólido ainda ao pé da mãe, logo no primeiro mês de vida. Entretanto, ele se alimenta realmente só de leite até o 3º mês de idade. A partir desta fase, ele começa a se alimentar de volumoso e ração, aliado ao leite. Ainda ao pé da mãe, a alimentação sólida é apenas complementar ao leite, sendo suficiente 1% do peso vivo por dia (1 kg de ração para cada 100 kg de peso vivo), dividido em 2 refeições.
b.Após o desmame até os 18 meses de idade: Deve-se utilizar uma ração apropriada para potros, com 17 a 19% de proteína bruta e 3 a 5% de extrato etéreo, nessa mesma proporção, 1% do peso vivo em ração, dividido em 2 refeições.
c.Dos 18 aos 36 meses: deve-se oferecer uma ração com 15% de proteína bruta e 3 a 5% de extrato etéreo, mantendo-se a mesma proporção de 1% do peso vivo em ração, dividido em 2 refeições.
4.Garanhões: Dividida em 02 fases:
a.Garanhões em Manutenção: São as mesmas necessidades de um outro animal em manutenção, onde as necessidades básicas podem ser supridas simplesmente com volumoso, sal mineral e água. Caso ofereça uma ração, esta pode ser com 10 a 12% de proteína bruta e 2 a 3% de extrato etéreo. A quantidade não deve ultrapassar 1% do peso vivo do animal, sendo suficiente, muitas vezes, 0,5 a 0,8%.
b.Garanhão em Monta: Aqui as necessidades são bem superiores, especialmente no que diz respeito à energia da ração. Pode-se utilizar uma ração com 10 a 12% de proteína bruta e 3 a 6% de extrato etéreo. As quantidades variam de 0,8 a 1,2% do peso vivo em ração, dependendo da intensidade da monta. Isto é, para um garanhão de 500 kg, em monta leve, podem ser suficientes 4 kg de ração, podendo chegar a 6 kg em monta intensa.
5.Cavalos de Esporte: Nesta categoria as necessidades são essencialmente energéticas. Proteína de qualidade, mas não em quantidade. A ração pode ter de 11 a 12% de proteína bruta e o extrato etéreo pode chegar a 10%. Quanto maior o extrato etéreo, menor deverá ser a quantidade de ração oferecida (maior energia por kg de produto). As quantidades variam conforme a qualidade da ração e a intensidade do trabalho, de leve e muito intenso. Podem ser de 0,8 a 1,5% do peso vivo em ração.
Algumas dicas fundamentais:
1.Para cada categoria animal, necessidades diferentes, qualidade e quantidades diferentes de complementos.
2.Não dê importância excessiva à quantidade de alimento, mas sim à sua qualidade.
3.Adote o princípio: “Mínimo necessário, não máximo obrigatório”.
4.Menores quantidades de alimentos por refeição, têm aproveitamento mais eficiente. Evite ultrapassar a oferta de 2 kg de ração por refeição para um cavalo de 500 kg.
5.Os excessos podem ser tão ou mais prejudiciais que as deficiências.
6.Devemos sempre levar em consideração as variações individuais de cada animal, tais como, raça, digestibilidade individual e temperamento.
7.Toda alteração alimentar, de grãos ou concentrados, deve ser lenta e gradual, mínimo de 3 semanas.
8.Mais de 90% das cólicas em cavalos são causadas por um mau manejo alimentar, que o homem impõe ao animal.
9.O volumoso deve ser no mínimo, 50% da dieta do animal. Quanto maior o consumo energético do animal, maior a necessidade de se complementar com grãos.
10.Mantenha sempre água fresca e limpa e sal mineral específico à disposição, qualquer que seja a categoria animal.


Matérias
ENTREVISTA: MITOS E VERDADES NA NUTRIÇÃO DE CAVALOS
Linha fina: Alfafa é o melhor feno para cavalos? E aveia é melhor do que ração comercial? Estas e muitas outras dúvidas são comuns entre proprietários e criadores de cavalos. Conversamos com o médico veterinário André Cintra, um dos maiores especialistas brasileiros em nutrição de equinos, sobre este e outros temas.
HORSE BUSINESS: Qual o melhor capim para quem esteja querendo formar pastagens ou capineiras?
ANDRÉ: O melhor capim para cavalos em termos de manejo (depois de formado) e nutrientes é o tífton. Existem outras variações de bermudas, como jiggs, flora-kirk, etc, mas o princípio é o mesmo, pois são todos parentes, inclusive o coast-cross.
Na verdade o melhor será aquele que se adaptar melhor à sua região. Deve-se levar em conta condições climáticas, geográficas, qualidade de solo, pisoteamento, etc.
O Tanzânia, assim como qualquer capim que se prolifera por sementes, tem a facilidade de plantio, porém tem o inconveniente de ter um ciclo pré-definido. Após a florescência, com liberação de sementes, diminui-se sua qualidade nutricional, por encerrar um ciclo. Além disso, os capins do tipo "elefante", (Panicum sp, como napier, colonião, Tanzânia, etc.) têm o inconveniente de entoucerar, e devido ao grande comprimento de suas folhas, poucas plantas nascem ao redor da planta principal. O que parece se ganhar em massa verde pelo tamanho das folhas, perde-se pela quantidade de espaço não coberto pela plantação.
Os capins plantados através de mudas, ao contrário, não têm ciclo fechado, crescendo indefinidamente até morrerem se não colhidos ou "comidos" pelos animais. Têm o inconveniente da forma de plantio, porém cobrem muito melhor o terreno produzindo tanta massa quanto outros capins mais altos. Além disso, seu valor nutricional é superior, e possuem ainda a conveniência de poderem ser utilizados para feno se não pastejados.
Recomendo a divisão desta área em 3 ou 4 partes para melhor otimizar seu aproveitamento e rotacionar o uso, ficando cada piquete em uso por 7-10 dias e descansando por 20 dias, ao menos (o ideal de descanso é 32-36 dias, que é o ciclo completo do capim em seu valor nutricional máximo). Além disso, dividindo-se os piquetes, se estiver sobrando capim em um piquete em uso, e o outro estiver em ponto de corte, pode-se fazer feno e armazená-lo para o inverno, ou mesmo vendê-lo e obter uma fonte de renda interessante.
Lembre-se apenas de que pasto é cultura, como qualquer outra plantação. Deve-se avaliar o valor nutritivo da terra e do capim anualmente para se verificar a necessidade de suplementar a terra para se obter um alimento de alto valor biológico.
HORSE BUSINESS: Algumas pessoas falam que é preciso haver intervalo de tempo entre o fornecimento de volumoso e de concentrado aos cavalos. Qual a sua opinião a respeito?
ANDRÉ: Pode haver vantagem em evitar oferecer o feno logo após a ração. Isto acontece porque a digestão do feno, essencialmente bacteriana, ocorre no ceco do cavalo, isto é, nas porções finais do aparelho digestivo; enquanto que o processo digestivo da ração é essencialmente enzimático, iniciando-se no estômago e finalizando no intestino delgado.
O volumoso oferecido logo após a ração "empurra" a mesma para o ceco, onde ela sofrerá digestão microbiana, com perda de qualidade na absorção de seus nutrientes, por falta de enzimas. O tempo de espera (01 h/kg de ração) é suficiente para otimizar muito a absorção dos nutrientes da ração.
Por outro lado, há quem diga que o ideal é disponibilizar o volumoso ao cavalo sempre que ele quiser, da mesma forma que ele ingere na natureza. Porém, neste caso o cavalo não está confinado numa baia de 3 por 4 m. Nesta condição, o tédio o leva a "inventar" coisas para fazer, com alguns animais espalhando o alimento pela baia com muito desperdício. Por isso recomendo dividir o feno em 3 a 4 refeições ao dia, nas quantidades adequadas às necessidades de cada animal, que podem variar conforme o peso e atividade, entre outros.
HORSE BUSINESS: Sempre ouvimos que o melhor alimento para cavalos é a alfafa, e há quem a utilize como única fonte de volumoso. Um argumento é que os cavalos adoram comer alfafa. O que você tem a dizer sobre isso?
ANDRÉ: A alimentação do cavalo atleta é baseada no fornecimento de ENERGIA e não de PROTEÍNA. A alfafa por excelência é um alimento proteico. Claro que todo alimento fornece energia e proteína, entretanto, conceitualmente, aquele nutriente que é preponderante no alimento, determina a característica dele (proteica, energética, mineral ou vitamínica).
A alimentação de um cavalo atleta jamais deve ultrapassar 14% da proteína na Dieta Total, ou seja, tudo aquilo que o animal ingere no período de 24 hs, sendo ideal ficar ao redor de 12%.
A alfafa tem uma média de 17-18% e até mais de proteína. Como o volumoso não deve ser inferior a 60% da dieta total do cavalo, como volumoso único a alfafa fornece cerca de 1430 g de proteína (8 kg de alfafa 17% ao dia), sendo as necessidades do cavalo atleta de 500 kg em trabalho médio (salto, por ex) de 984 g, portanto somente a alfafa está com um excedente de 444 g (ou 45%), com possibilidades de complicação. Isso sem contar a proteína que a ração fornece. Se for uma ração com 12% de proteína, sendo oferecido 6 kg ao dia, ofertamos + 720 g de proteína, totalizando 2.150 g de oferta, contra 989 g de necessidade - dá um excesso de 117%, quando o tolerado é de 30% além das necessidades do animal.
A utilização de fenos de gramíneas, com teores de proteína de cerca de 9 a 11%, além de muito mais BARATA, é muito mais SAUDÁVEL para o animal. Se por acaso a dieta que você está utilizando não está de acordo com as necessidades do animal, deve ser revista, mas não utilizando-se alfafa. Esta é um ótimo alimento para éguas em reprodução e potros em crescimento, e ainda assim deve ser fornecida com restrições, e não à vontade.
Jamais fiz uma dieta onde precisasse utilizar mais de 5 kg de ração para um animal. Fiz dietas para cavalos de CCE no preparo para a Olimpíada de Sydney, para cavalos de Enduro no Mundial da França, para cavalos olímpicos de salto, e em nenhum destes casos foi necessário utilizar alfafa ou mais de 5 kg de ração.
O que se pode e deve fazer é utilizar uma ração mais energética. Se isso não for suficiente (cavalos em trabalho muito intenso), utiliza-se suplementos energéticos nas doses individuais necessárias para suprir as necessidades ENERGÉTICAS do animal.
Não se preocupe com as necessidades proteicas. Se utilizar matéria prima nobre, as necessidades proteicas de seu animal serão plenamente satisfeitas. Existe uma cultura maléfica no meio equestre (herdada dos animais de corrida) onde pensa-se que quanto mais proteína oferecida ao animal, melhor será o seu desempenho.
Quanto à preferência por alfafa, meus filhos adoram balas e sorvetes, e não é por isso que os deixo comer estes “alimentos” à vontade.
por isso deixo-os "ad libitum" com estes "alimentos".
Quanto a saber o quanto oferecer de alfafa, como agrado para os animais, deve-se procurar balancear com o restante da dieta para não desequilibrar a mesma.
Recomendações nutricionais para diversas categorias animais
HORSE BUSINESS: Como deve ser alimentado um potro entre a desmama e a idade de doma? Parece que esta é uma idade onde os animais são deixados muito ao léu, quando é uma fase tão importante em termos de crescimento e desenvolvimento ponderal...
ANDRÉ: Para o potro dos 6 aos 18 meses o mais indicado é uma complementação com ração de boa qualidade de 17 a 18% de proteína. A base do volumoso deve ser gramínea (feno ou pasto, ou mesmo capim picado) e pode ser complementada com 1 a 2 kg de alfafa diários.
A quantidade de ração deve ser na base de 0,7 a 1,0 kg por 100 kg de potro, dependendo é claro, da qualidade desta ração e da qualidade e disponibilidade do volumoso. Pode ainda ter uma suplementação com vitamínico mineral de qualidade.
As variações de quantidades dependem de algumas variações individuais do animal, que deve ser constantemente acompanhado para ver se suas necessidades estão sendo supridas na quantidade certa. Deficiências levam a um baixo rendimento (reprodutivo ou de desenvolvimento). Excessos levam a problemas reprodutivos, como dificuldade no parto e nascimento de um potro frágil e a problemas no crescimento e desenvolvimento, como as Doenças Ortopédicas Desenvolvimentares.
A partir dos 18 meses a ração já deve passar para 15% de proteína até os 36 meses, quando será definida a função do animal e oferecida a ração adequada a esta função.
Claro, além disso nunca pode faltar sal mineral específico para equinos e água fresca e limpa à vontade. Outros suplementos devem ser avaliados conforme as necessidades individuais de cada animal. Estas recomendações valem para todas as categorias de equinos.
HORSE BUSINESS: E quanto às reprodutoras? Vemos por aí éguas ganhando muita comida no início da gestação, parindo gordas e depois perdendo muito peso durante a lactação... Quais as suas recomendações?
ANDRÉ: Éguas no último trimestre de gestação devem receber 1,5 a 2,0% de seu peso vivo (em Matéria seca) por dia, dividido em no máximo 40% de concentrado com 15% de proteína bruta e 3 a 4 % de extrato etéreo, mais, no mínimo, 60% de volumoso de boa qualidade com cerca de 8 a 11% de PB (preferencialmente gramínea).
Para as éguas em lactação, vale: 1,8 a 2,9% do peso vivo (em Matéria seca) por dia, dividido em, no máximo, 50% de concentrado com 15% de proteína bruta e 3 a 4 % de extrato etéreo, mais, no mínimo, 50% de volumoso de boa qualidade com cerca de 8 a 11% de PB (preferencialmente gramínea).
HORSE BUSINESS: Quando dar aveia ao cavalo?
ANDRÉ: De minha parte, quase nunca. Somente quando a dieta assim o exigir. A resposta ficou vaga, mas é para dar idéia de quão vaga é a alimentação praticada por aí. Em suma, se você utilizar volumoso de boa qualidade, sal mineral específico, água fresca e limpa, complementar com uma ração balanceada e equilibrada de boa qualidade e específica para o animal e sua atividade, o máximo que você pode precisar é de um suplemento, que pode ser desde vitamínico mineral a aminoácidos, ou ainda energético.
A aveia não deve ser utilizada como suplemento energético para não incorrermos nos problemas do excesso de amido. Quer aumentar a energia da dieta de seu cavalo? Primeiramente verifique se você já está utilizando uma ração adequada (alta energia), em seguida, se realmente for necessário, pode-se utilizar um suplemento energético extrusado ou mesmo peletizado, ou ainda óleo vegetal, ou mesmo a farinha de linhaça. Porém verifique sempre a real necessidade de seu animal. Faça este aumento gradativo e pense na dieta como um todo. Sempre falo a meus alunos que se deve ter um pensamento espacial, não para viver no mundo da lua, mas para pensar em todos os nutrientes de uma dieta, pois ao se mexer no nível de um nutriente, deve-se verificar a necessidade de aumentar algum outro (p. ex, vitamina é fundamental para absorção de energia, e assim por diante).



Anemia Infecciosa Equina

Esta doença. também conhecida como "febre dos pântanos", é produzida por um vírus. É mais freqüente em terrenos baixos e mal drenados ou em zonas úmidas muito florestadas.
Apresenta-se em várias formas clínicas, todas com importância e é disseminada em todo o mundo.
Os estudos iniciais desta doença foram realizados na França em 1843; em 1859 foi constatado pelo pesquisador Anginiard o caráter contagioso da doença, sendo que a primeira demonstração de doença virótica foi feita em 1904/1907.
No Brasil, a primeira descrição desta doença verificou-se em 1968, por Guerreiro e col.
Os animais ficam suscetíveis à enfermidade quando têm resistência orgânica diminuída por um trabalho excessivo, calor intenso, alimentação inadequada e infestação por vermes.
A doença tende a apresentar-se sob forma enzoótica em fazendas ou áreas, não havendo disseminação fácil e rápida, nunca se observando, segundo Scott, contágio de animal para animal.
Graves perdas são causadas nas áreas endêmicas, podendo desaparecer a mortalidade com o passar do tempo.
Observação feita por Fulton, que injetou água de charcos na veia de eqüinos reproduzindo a AIE, veio confirmar a teoria de Lohr, isto é, de que a infecção natural advém da ingestão, pelos insetos transmissores, de água ou alimentos contaminados.
O vírus está presente no sangue, saliva, urina, leite, etc.
Os surtos aparecem quando é introduzido na manada um animal infectado ou portador. Casos crônicos podem existir em qualquer época do ano e, são mais suscetíveis os animais desnutridos, débeis e parasitados.
TRANSMISSÃO
É feita principalmente por insetos sugadores (moscas e mosquitos). Já foram também comprovadas as transmissões congênitas (placentária), pelo leite (aleitamento), pelo sêmen (acasalamento) e pelo soro-imune.
As mucosas nasal e oral, intactas ou feridas, podem ser portas de entrada do vírus.
O uso sem assepsia de material cirúrgico, por pessoas não-habilitadas, também aumenta a probabilidade da infestação. O animal, uma vez infectado, torna-se portados permanente.
SINTOMAS
Há uma forma aguda e outra crônica. Todavia o vírus pode estar presente no sangue do animal sem produzir qualquer sintoma.
A forma aguda é assim caracterizada:
·  a) febre que chega a 40,6c;
·  b) respiração rápida;
·  c)abatimento e cabeça baixa;
·  d)debilidade nas patas, de modo que o peso do corpo é passado de um pé para outro;
·  e)deslocamento dos pés posteriores para diante;
·  f)inapetência e perde de peso.
Se o animal não morre em três a cinco dias, a doença pode tornar-se crônica.
Na forma crônica observa-se ataque com intervalos variáveis de dias, semanas ou meses. Quando o intervalo é curto, em geral a morte sobrevêm depois de algumas semanas.
Com ataques há grande destruição dos glóbulos vermelhos do sangue, o que resulta em anemia.
A doença pode acometer eqüídeos (burros, zebra, etc.), de qualquer raça, sexo e idade. A Tem como vetor, insetos hematófagos, porém, a transmissão pode ocorrer através de agulha usada. Todo proprietário deve fazer duas vezes por ano, exame eliminando os animais positivos e comunicar à Casa da Agricultura.
Qualquer eqüídeo, para ser transportado precisa ter atestado de anemia eqüídeo infecciosa negativa.
PROFILAXIA
Combate aos insetos e manutenção de boas condições sanitárias; drenagem nos pastos alagados e fiscalização das aguadas e bebedouros, a fim de que os animais não bebam água estagnada; não introdução de animais infectados na fazenda; uso de agulhas hipodérmicas e instrumentos cirúrgicos só depois de bem esterilizados.
TRATAMENTO
Ainda não é bem conhecido qualquer tratamento eficaz. Aumentar a resistência do animal, desintoxicar o fígado e fortalecer o coração, intensificar o metabolismo. Existem estudos recentes, mas por enquanto o animal que apresentar Teste de Coggins positivo deve ser sacrificado.
CONTROLE
  • Isolar os animais com sintomas suspeitos (fazer o Teste de Coggins);
  • Retestar periodicamente todos os animais;
  • Evitar a entrada na fazenda de animais vindos de zonas enzoóticas sem os testes negativos recentes de imunodifusão;
  • Drenar as zonas pantanosas e controlar os insetos transmissores;
  • Todo material usado nos animais (para cirurgia, tatuagem, injeções, abre-bocas etc) deve ser esterilizado por fervura por mais de 30 minutos;
  • A possibilidade de uma vacina é remota, pois muitas já foram experimentadas e até o momento nenhuma apresentou resultados satisfatórios.

Lúcia Helena Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe



Mula ou Burro



   
·  FILO: Chordata
·  CLASSE: Mammalia
·  ORDEM: Perissodactyla
·  FAMÍLIA: Equidae
CARACTERÍSTICAS:
·  Comprimento: cerca de 2,70m
·  Altura: 1, 70m
·  Peso: até 400 kg
·  Tempo de vida: 40 anos



Como é possível produzir um animal grande e forte como um cavalo e, ao mesmo tempo, resistente, trabalhador e dócil como um asno? A resposta é cruzar o jumento com a égua para obter um híbrido (animal que se origina do cruzamento de espécies diferentes). Os produtos dessa hibridação são conhecidos vulgarmente pelos nomes de burro, mulo e mula. A prole, que herda o tamanho e a constituição da mãe, é mais parecida com o cavalo do que com o asno. Cruzando uma jumenta com um cavalo obtém-se o bardoto. Este é mais difícil de criar e tem a desvantagem de ser menor e de herdar o temperamento birrento da mãe.
Além da força, a mula tem uma capacidade de equilíbrio admirável, que lhe possibilita andar pelos caminhos mais íngremes. Ela frequentemente aparece como heroína nos filmes de carga na Europa e nas Américas, principalmente nos campos de cana e algodão e nas minas.
O burro não consegue produzir espermatozoides por isso é estéril. A mula também é estéril porque não pode produzir óvulos. Outra explicação é que tanto o macho quanto a fêmea não têm os órgãos genitais bem desenvolvidos, o que dificulta o acasalamento.
Lucia Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe


De olho na boca dos cavalos

Até em cavalo dado deve-se olhar os dentes!!!
A rotina no cuidado dos
dentes é essencial para
boa saúde, bem estar e
bom desempenho dos
cavalos.
O cavalo é um herbívoro nômade, tem seus dentes preparados para o pastoreio. Na natureza alimentava-se dos diversos tipos de forragens existentes em seu ambiente, assim causando um desgaste lento e mais homogêneo.
O homem alterou as dietas e padrões alimentares dos cavalos com a domesticação e confinamento, desta forma tornou os eqüinos mais suscetíveis aos problemas que se referem aos dentes e a mordedura.
São necessários exames periódicos que se inicia logo após o nascimento, a fim de identificar uma possível alteração congênita. Esse exame deve ser contínuo.
Logo após o nascimento o animal deve ser examinado , pois pode apresentar problemas, no palato (céu da boca), projeções e deformidades de maxila (onde se encere o grupo dos dentes superiores) e mandíbula (onde se encere o grupo dos dentes inferior) .
Até aos 5 anos são indicados exames semestrais pois não é raro encontrar casos de dentes decíduos persistentes ( dentes de leite que deveriam cair ) fragmentos que devem ser extraídos, caso esse problema não seja corrigido pode causar mal oclusão ( contato inadequado entre dentes inferiores e superiores) pela erupção desordenada dos dentes.
Em animais com idade superiores a 5 anos são comuns encontrarmos pontas e deformações nas arcadas proporcionando mal oclusão dos dentes molares (grupo de dentes posteriores ) e incisivos (grupo de dentes anteriores).
Na fase de doma e treinamento é essencial o exame dos dentes pois o conforto promovido pelo tratamento torna o trabalho do treinador e o aprendizado do cavalo mais fácil e menos estressante. Melhorando, por conseqüência, o resultado final.
É muito comum encontrar o “dente lobo” Este dente é vestigial é considerado o 1º pré-molar, não tem função na mastigação, mas pode ferir as bochechas, a língua, e/ou entrar em choque com o bridão, podendo ser extremamente desconfortável. A extração desse dente é parte da rotina do tratamento dentário. “ não confunda o dentes lobos com os caninos presente nos machos e em algumas fêmeas.

“Desta forma podemos apontar a grande Importância do exame dos dentes do eqüino neonato ate o sênior”
Todos os cavalos devem ter seus dentes examinados no mínimo uma vez por ano, mesmo sem apresentar sintomas de problemas.
Quando o cavalo precisa de exame dos dentes?
Nos casos de:
•  Perda de peso.
•  Dificuldade de engordar.
•  Incomodo com a embocadura,
•  puxão nas rédeas
•  abaixa e levanta a cabeça com frequência durante a montaria .
•  balança a cabeça de um lado para o outro
•  relutância com agressividade
•  Derrame de ração fora do cocho
•  Lentidão na mastigação e deglutição.
•  Deposição do alimento dentro da boca
•  Dificuldade da apreensão do alimento
•  Cólicas recorrentes
•  Fibras de capim longas e grãos não quebrados nas fezes
•  Descarga nasal
•  Aumento de volume na cara
•  Fistulas facial.
•  Problemas considerados de temperamento ou doma
Cavalos que tem acompanhamento dos seus dentes periodicamente possuem melhor mastigação e digestão, apresentam uma considerável melhora no aproveitamento dos alimentos diminuindo o risco de cólica.
Percebesse conforto nas rédeas, regularidades de andamento e manobras.
A odontologia favorece melhoras notáveis nos animais, nos aspectos nutricionais e comportamentais, promovendo uma boa saúde e melhor desempenho dentro de suas atividades equestres. Sem contar o aumento da longevidade e vida útil.
Os exames e as correções dos dentes só devem ser feitos por um Médico Veterinário especializados ele saberá quais técnicas e equipamentos a serem utilizados, tipos de sedação e anestesia referente a cada caso em particular . Intervenções inadequadas poderão causar traumas e danos irreparáveis aos dentes, articulações e de todo conjunto relacionado a mastigação.
Dr. Ciro Pinheiro Mathias Franco
Medico Veterinário - atuante em odontologia eqüina.


Cavalo - Dentição e Idade



Os dentes são elementos principais pra conseguir determinar, com segurança, a idade aproximada, dos cavalos.
A avaliação da idade é importante pois, muitos animais não tem registro oficial e, são negociados a base da idade aproximada.
O cavalo adulto possui 40 dentes e a égua 36, normalmente, assim distribuidos:
12 incisivos
6 superiores
6 inferiores
4 caninos, em geral ausentes na fêmea
24 molares distribuidos igualmente nas duas arcadas.
O potro, macho ou fêmea, apresenta apenas 24 dentes, todos caducos.
12 incisivos
12 molares
Esqueleto da queixada do cavalo


    
Os dentes de leite são menores e mais brancos que os dentes permanentes e possuem um colo ou linha de estrangulamento em seu terço médio. 

Com o desgaste, devido à mastigação, os dentes também mudam seu arco incisivo que, visto de perfil, é arredondado no animal jovem e vai se tornando alongado à medida que o animal envelhece. 
Arco Incisivo visto de perfil
Os dentes e suas respectivas idades
 


 1º período - Erupção dos caducos

  Pinças - até o fim da 1ª semana
  Médios - no fim do 1º mês
  Cantos - no 6º mês, alcançando o nível dos demais até o 10º mês
A partir dos 2 anos de idade os animais passam a fazer a troca dos dentes de leite pelos permanentes
2º Período - Rasamento dos caducos
  Pinças - com 1 ano
  Médios com 1 1/2 anos
  Cantos - com 2 anos



3º Período - Mudas

  Pinças - surgem aos 2 1/2 anos e estão crescidos aos 3
  Médios - surgem aos 3 1/2 anos e estão crescidos aos 4
  Cantos - surgem aos 4 1/2 anos e estão crescidos aos 5



4º Período - Rasamento dos definitivos
  Pinças - aos 6 anos
  Médios - aos 7 anos
  Cantos - aos 8 anos




5º Período - Arredondamentos
  Pinças - aos 9 anos
  Médios - aos 10 anos
  Cantos - entre 11 e 12 anos


6º Período - Triangularidade
  Pinças - aos 14 anos
  Médios - aos 15 anos
  Cantos - entre 16 e 17 anos

Neste período, poderá se notada novamente a "cauda de andorinha" e caracteriza-se também pelo nivelamento de todos os incisivos. A partir daí então, os dentes vão se tornando biangulares e fica cada vez mais difícil calcular a idade do animal.
 
7º Período - Biangularidade
  Pinças - aos 18 anos
  Médios - aos 19 anos
  Cantos - aos 21 anos


 Um defeito grave de dentição, em consequência da posição incorreta dos maxilares, observado com frequência em nossos pôneis é o chamado "prognatismo", que pode ser inferior ou superior, onde as arcadas não se ajustam.

Lúcia Helena Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe


Cavalo - Anatomia

Regiões do corpo

As regiões do corpo do cavalo, em Exterior, são divididas em quatro partes: cabeça, pescoço, tronco e membros.
Conheça também o esqueleto do cavalo.
  CABEÇA
 Extremidade superior
· Nuca
· Garganta
· Parótida
Face Anterior
· Fronte
· Chanfro
· Focinho
Faces laterais
· Orelha
· Fonte
· Olhal
· Olho
· Bochecha
· Narina
Faces posterior
· Fauce
· Ganacha
· Barba
Extremidade Inferior
· Boca


  1. fronte e topete
  2. fonte
  3. olhal
  4. olho
  5. chanfro
  6. narina
  7. lábios
  8. orelha
  9. nuca
  10. parótida
  11. chato da bochecha
  12. ganacha
  13. bolsa da bochecha
  14. barba


  1. orelha
  2. olhal
  3. olho
  4. chanfro
  5. narina
  6. boca
  7. nuca
  8. topete
  9. fonte
  10. fronte
  11. pálpebra
  12. bochecha
  13. ponta do focinho

 PESCOÇO
Bordo superior
Faces laterais
Bordo inferior
· Crineira
· Tábuas


  1. Crineira e bordo superior
  2. bordo inferior
  3. tábua

 TRONCO
 Face superior
· Cernelha
· Dorso
· Lombo
· Anca
· Garupa
Extremidade anterior
· Peito
· Inter-axila
· Axila
Faces Laterais
· Costado
· Flanco
Face inferior
· Cilhadouro
· Ventre
· Virilha
Extremidade posterior
· Cauda
· Ânus
· Períneo
· Órgãos genitais


·  4-Cernelha
·  5 e 6-lombo
·  7-anca
·  8-garupa
·  9-peito
·  10-interaxila
·  11-axila
·  12-contado
·  13-flanco
·  14-colhadouro
·  15-ventre
·  16-virilha
·  17-cauda
·  18-órgãos genitais

 MEMBROS
 Regiões próprias dos anteriores
· Espádua
· Braço
· Codilho
· Antebraço
· Joelho
Regiões próprias dos posteriores
· Coxa
· Nádega
· Soldra
· Perna
· Jarrete
Regiões comuns aos quatro membros
· Canela
· Bolêto
· Quartela
· Coroa
· Casco




·  19-espédua
·  20-braço
·  21-codilho
·  22-antebraço
·  23-joelho
·  24-canela
·  25-boleto
·  26-quartela
·  27-coroa
·  28-casco
·  29-coxa
·  30-nádega
·  31-soldra
·  32-perna
·  33-jarrete

ESQUELETO DO CAVALO

  1. escápula ou omoplata
  2. junta da espádua
  3. úmero
  4. junta do cotovelo
  5. rádio
  6. pisiforme
  7. ossos cárpeos do joelho
  8. canela
  9. quartela comprida
  10. quartela curta
  11. ossos cuneiforme do pé
  12. boleto
  13. costelas
  14. cintura pélvica
  15. osso sesamóide
  16. metacarpo rudimentar externo
  17. jarrete
  18. tíbia e fíbula
  19. fêmur

Lúcia Helena Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe


Cavalo - Aprumos


Entende-se por aprumos a exata direção que têm os membros, com relação ao solo, de modo que o peso corporal do cavalo seja regularmente distribuido sobre cada um daqueles membros.
O equilibrio do cavalo é verificado sempre que uma vertical baixada de seu centro de gravidade cai dentro da base de sustentação, espaço este limitado pelas linhas que ligam as extremidades inferiores dos membros.
Quando os membros são irregularmente aprumados, os pés sofrem ruína prematura e, prejudicam os andamentos e diminuem a resistência do animal.
Para se avaliar corretamente o aprumo do cavalo, o animal deve estar em estação, sobre um terreno plano e horizontal  e com o apoio completo dos membros formando um paralelogramo retangular.





APRUMOS REGULARES



 Membros Anteriores
PERFIL - Deverá partir da articulação escápulo-umeral, na sua porção mais anterior e descer paralelamente ao membro, tocando o solo a cerca de 10 cm à frente da pinça do casco. Tirada do centro de sustentação da espádua sobre os membros anteriores, passar pelo meio do braço e tocar o solo pelo meio do casco como se o dividisse lateralmente em dois. (figura ao lado).
FRENTE - Esta linha é uma vertical baixada da ponta da espádua ao solo. Dividir teoricamente o joelho, a canela, a quartela e o casco em partes iguais.


Membros Posteriores

VISTO DE PERFIL -baixada da ponta da nádega, tangenciando o jarrete, tocar o solo atrás dos talões. Baixada da soldra, toca o solo a cerca de 10 cm adiante do casco. É a linha baixada da articulação coxo-femural, quepassa pelo centro da perna e toca o solo, dividindo o casco pelo meio.
VISTO DE TRÁS - baixada da ponta da nádega ao solo e dividir, a partir do jarrete, as regiões ao meio, ficando entre os cascos uma distância igual a largura destes.







Aprumos Anormais




Lúcia Helena Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe





Garrotilho, Gurma - adenite eqüina





Sintomas: Corrimento nasal acompanhado de tosse; gânglios faringianos, sub-linguais, submaxilares e proparotídeos aumentados, dificultando a respiração, podendo asfixiar.

Lesões: abscessos contando pus cor creme na região faríngea; baço aumentado com focos purulentos.

Material para exame: em geral não é necessário, pois é fácil o diagnóstico pelos sinais clínicos. 

Profilaxia:
desinfecção dos boxes, baias, bebedouros, cochos e demais instalações e vacinação.

Tratamento:
isolar os doentes e manter em observação os suspeitos; vacinar.






Matérias só Cavalo

  • CARACTERÍSTICAS:
  • Temperatura em ºC= 37,5 - 38,5
  • Pulsações normais por min (animal em descanso) = 28 - 42
  • Respiração normal movimentos por min (animal em descanso) = 8 - 15
  • Altura Média - 1,50m a 1,60 m
  • Peso médio - 330 kg a 550 kg
  • Tempo de vida - até 30 anos
  • Vida últil - 4 aos 20 anos
  • Gestação - 11 meses ou 336 dias
  • Alimentação - capim e ervas quando no pasto. Os cavalos também são alimentados com ração industrializada, milho e farelo.
Os eqüideos são representados hoje por um pequeno número de espécies entre as quais são utilizadas no Brasil o cavalo, o jumento e seu híbrido (burro ou mula).
Os Eqüídeos são animais de talhe médio, cabeça fina e alongada, pescoço musculoso e pernas delicadas. Seus olhos mostram-se grandes e vivos, as orelhas pontudas e móveis e as narinas muito abertas. O corpo, bastante arredondado, apresenta-se coberto de pêlo curto e liso que se alonga na cauda e na tábua do pescoço, onde forma a crina. O esqueleto é caracterizado pelo crânio longo, do qual a caixa craniana ocupa apenas um terço, sendo o resto constituído pela face.
Todos os eqüídeos são vivos, alegres e inteligentes, são animais gregários e se mostram ativos durante o dia. Os eqüídeos possuem somente o dedo central, os demais desaparecem. A última falange deste dedo único é cercada por uma formação córnea que não pode ser chamada casco.
O casco é constituído por 3 camadas superpostas, de diferente qualidade. A camada interna assegura o contato com a terceira e última falange: é a camda geradora do tecido córneo. Essas três camadas, diferentes mas estreitamente solidárias, formam um conjunto muito estável, de elasticidade relativa e extremamente resistente.
Os eqüídeos possuem 6 incisivos em cada maxilar: 2 centrais (as piças), 2 intermediários (os medianos) e 2 laterais (os cantos). Este aspecto permite aos compradores de cavalos avaliar com precisão a idade do cavalo.
Apesar de todos os cavalos pertecerem à mesma espécie (Equus caballus), o homem interveio para modificar os caracteres da raça sempre pensando na sua utilização e beleza. Hoje existem mais de 100 raças diferentes de cavalos em todo o mundo.

Na maioria das espécies de animais a cor de cada raça apresenta várias misturas mais ou menos uniformes, não variando mesmo sob influência de idade, clima etc. A pelagem é o conjunto de pêlos, de uma ou de diversas cores, espalhados pela superfície do corpo e extremidades, em distribuição e disposição variadas, cujo todo determina a cor do animal. Apesar de haver muitos matizes diferentes, todas as pelagens agrupam-se inicialmente em três modalidades ou categorias: simples, compostas e conjugadas, cada uma delas com suas divisões e, que no total, forma 76 pelagens diferentes.
Simples - São as pelagens formadas por pêlos e crinas da mesma cor.
Compostas - Pêlos bicolores misturados, com crina e cola diferentes.Conjugadas - Malhas e pintas de contorno irregular, mescladas com branco.

O período médio de prenhez da égua é de 11 meses. Meia hora depois de nascido, o potro está de pé e se aconchegando à mãe para a primeira mamada. Uma vez em pé, embora incerto das pernas, ele já é capaz de acompanhar a mãe. As éguas chegam na "adolescência" entre 15 e 25 meses, podendo procriar com dois a três anos, embora quatro sejam mais aceitáveis. Os machos, muitas vezes, são sexualmente potentes já com um ano de idade; contudo, na domesticidade, não são usados como reprodutores antes dos três ou quatro anos. Maduro aos cinco ou seis, um cavalo pode viver 20, 30 anos e até mais.
O cavalo vem sendo utilizado, pelo homem, de várias maneiras diferentes: esporte, lazer e trabalho. Para ser utilizado é preciso que o cavalo seja adestrado e depois domado para que se possa montar. São quatro os andamentos naturais do cavalo, ou seja, a maneira como ele se desloca quando está em movimento. São eles: passo, trote, cânter (meio-galope) e galope. Existe também os andamentos adquiridos, por adestramento e, artificiais, que são os da alta escola de Viena.

O PASSO - o passo é o andamento natural, a quatro tempos, marcado pela progressão sucessiva de cada par lateral de pés. Quando a marcha começa com a perna posterior esquerda, a sequência é a seguinte: posterior esquerda, dianteira esquerda, posterior direita, anterior direita. No passo calmo, os pés de trás tocam o solo adiante das pegadas feitas pelos pés da frente. No passo ordinário, os passos são mais curtos e mais elevados, e os pés de trás tocam o solo atrás das pegadas dos pés dianteiros. No alongamento, os pés de trás tocam o chão antes das impressões dos pés da frente. No livre, todo o esquema é prolongado.




O TROTE - O trote é o andamento simétrico, a dois tempos em que um par diagonal de pernas toca o solo simultaneamente e, depois de um momento de suspensão, o cavalo salta apoiado no outro par diagonal. Por exemplo: no primeiro tempo, o pé anterior esquerdo e o pé posterios direito pousam no solo juntos (diagonal esquerda). No segundo tempo, o pé dianteiro e o pé traseiro esquerdo pisam juntos (diagonal direita). No trote, o joelho jamais avança à frente de uma linha imaginária perpendicular tirada do topo da cabeça do animal até o solo. As estilizações supremas do trote são o piaffer, em que o cavalo, sem avançar, fica batendo no chão, alternamente, com os pés dianteiros; a passagem em que ele se desloca para o lado, trocando os pés, sem avançar.


O CÂNTER - O Cânter (do inglês canter - andar a meio galope) é um andamento a três tempos, em que o cavalo avança com a perna dianteira direita quando gira para a direita e vice-versa. Quando o cavalo tenta virar para a esquerda avançando com a perna dianteira direita, portanto, a do lado de fora no mvimento, esse avanço é chamado um " avanço falso" ou cânter com a perna errada. A seqüência de pisadas que dão as três batidas rítmicas no chão são, quando o movimento se inicia com a perna dianteira direita: posterior equerda, esquerda diagnol (em que as pernas dianteiras direita e traseira esquerda, tocam o solo simultaneamente) e, por fim, perna dianteira direita - dita "de guia".


O GALOPE - O galope é o mais rápido dos quatro andamentos naturais. Descrito habitualmente como uma andamento a quatro tempos, sofre variações na seqüência de acordo com a velocidade. Com a perna dianteira direita na liderança, a seqüência de pisadas é a seguinte: posterior esquerda, posterior direita, dianteira esquerda, dianteira direita, ao que se segue um período de suspensão total, em que todos os pés estão no ar. Um puro-sangue inglês galopa a 48 km/h ou mais. O pé mais avançado toca no chão em linha com o nariz, mesmo que, estirada a perna ao máximo, o pé fique no ar à frente dessa linha.






O CAVALO NO BRASIL
A introdução do cavalo na América é atribuída a Colombo em sua segunda viagem realizada em 1493 à ilha de São Domingos. Posteriormente o cavalo foi introduzido em 1534 na capitania de São Vicente, por D. Ana Pimentel, esposa de Martim Affonso de Souza.
A partir daí o cavalo foi introduzido no Brasil em épocas diferentes e, 1808, D. João VI veio para o Brasil trazendo a sua coudelaria do Alter Real (uma raça de cavalo). Esta raça desempenhou um papel importante na formação dos nossos melhores cavalos de sela: Mangalarga e o Campolina.
As raças desenvolvidas no Brasil, desde a época do Império, são: o Mangalarga, Crioula brasileira e o Campolina.


Pelagens e Fotos de cavalos