COMO PROCEDER NA ESCOLHA E COMPRA DE CAVALOS

Objetivou-se neste artigo, trazer algumas considerações principais, sobre a avaliação e escolha de eqüinos no momento de realizar uma compra, procurando trazer orientações no intuito de ajudar na aquisição de um bom animal, para que possa atender de forma mais adequada aos seus objetivos pretendentes.


Partiremos do ponto que iremos realizar a compra de um animal puro de origem (PO), que são animais que apresentam registro genealógico ligado a alguma associação de criadores. Para tal, o animal primeiramente deve der origem de progenitores possuidores de tal registro, este documento apresenta a árvore genealógica de seus antecedentes, comprovando sua origem. Posteriormente, o animal para merecer o registro genealógico definitivo, deve-se enquadrar e apresentar características da raça, ou seja, estar dentro dos padrões raciais.


Antes de prosseguirmos, cabe fazer uma consideração que animais sem raça definidas (SRD) ou mestiços, podem ser animais tão bons quanto os animais PO, e muitas vezes estes animais (SDR) podem atender de forma satisfatória os objetivos do proprietário; e seguem os mesmos aspectos de avaliação na compra. Vale uma ressalva que animais SRD, apresentam valor de comercialização menor, sendo uma alternativa a pessoas que dispõem de menor quantidade em dinheiro a ser investido e não querem deixar de desfrutar dos prazeres de uma boa cavalgada.


Dando continuidade ao assunto, antes de escolhermos um animal, é necessário nos fazermos algumas perguntas como: “O que pretende-se do meu animal?”. “Qual a finalidade para realizar a compra do meu cavalo?” e/ou “Quero praticar alguma modalidade esportiva?”. Perguntas como estas devem ser feitas, assim como fazer uma auto-avaliação, e saber se existe uma preferência pessoal de raças de eqüinos.


A partir deste ponto, é importante conhecer as características de cada raça, fazendo uma consulta nos sites oficiais de cada associação de criadores, no qual apresentam muito bem as características de seus animais, detalhando quanto aos padrões raciais e suas belezas, características de andamentos, de porte, de temperamento e principalmente de suas aptidões, ou seja, para quais modalidades esportivas cada raça se sobressai, alem desses aspectos é interessante conhecer as regras e normas de cada associação de criadores, quanto a entrada de novos sócios, permanência do registro dos animais após a comercialização (manuais de associação). Uma discussão muito comum entre os criadores de cavalos, é de que cada um insiste em afirmar que a raça que cria é melhor do que a outra, no entanto, acontece o seguinte; existem raças que se sobressaem em determinadas modalidades esportivas em comparação a outras. Outra opção muito valiosa é procurar conversar com alguém ligado à raça (proprietário, criador ou usuário) a fim de que possa conhecer melhor sobre os melhores animais (as linhagens) e as aptidões dos animais.


Conhecendo as linhagens e aptidões de cada raça eqüina, vai ajudar grandemente na hora de escolha dos animais, pois em animais PO, é muito importante consultar o registro genealógico do animal, a fim de que possamos identificar seus progenitores e se os mesmos são considerados “top na raça”. Animais considerados “top”, são animais que em seus currículos, foram ou ainda são grandes campeões. Um exemplo muito clássico é durante a escolha de animais Puro Sangue Inglês (PSI), no qual os animais filhos de machos e fêmeas, que em suas vidas competitiva foram ganhadores de grandes prêmios, apresentam um valor comercial destacável em comparação aos animais filhos de animais desconhecidos.


Um ponto considerável deve ser feito em relação ao sexo do animal; machos inteiros (garanhões) são animais que apresentam um temperamento mais nervoso e possivelmente serem mais agressivos, que as fêmeas. Desta forma, o direcionamento de animais inteiros não deve ser feito para pessoas iniciantes nas atividades eqüestres, assim como crianças, pessoas com pouca prática de manejo e conhecimento sobre eqüinos. Fêmeas em geral apresentam temperamento mais dócil, assim como animais machos castrados, porém estes últimos com uma desvantagem sobre as fêmeas e os machos inteiros, no qual ambos se prestam para fins reprodutivos, seja pelas vendas de potros, aluguel de ventre, transferência de embriões (em raças que permitem tal prática) ou vendas de coberturas no caso dos garanhões.


O próximo passo na escolha dos eqüinos é quanto à avaliação dos aprumos, este aspecto é considerado com um peso de até 60% ou mais, na pontuação de animais em pistas de julgamento, segundo conversas informais com juízes. Animais que apresentam aprumos regulares, tendem a realizar modalidades esportivas mais facilmente, e com menores possibilidades de sofrerem grandes injúrias nos membros locomotores. Claudicações em cavalos atletas, são causadas por diversos fatores, principalmente como, deficiência mineral/ vitamínico, excesso de treinamento, má conformação muscular e óssea, e este incluindo os desvios de aprumos.


Aprumos regulares proporcionam ao individuo, bom equilíbrio; firme sustentação; forte impulsão; amortecimento normal e belos andamentos.


Para observação dos aprumos nos eqüídeos, é necessário que os mesmos estejam em lugar plano, amplo e em “estação forçada em posição”; na qual, o animal visto de frente ou de trás, não seja possível visualizar os membros que estão opostos a posição de observação. Da mesma forma, quando visto de lado, o animal deve ficar com os membros de tal forma a não permitir a visualização dos membros do lado oposto e vice-versa (aprumos estáticos); também é importante fazer com que o animal movimente-se ao passo e ao trote, para ser visto de frente como lateralmente, para visualização de possíveis desvios de aprumos dinâmicos, ou seja movimentos desnecessário durante a locomoção, como realização de semicírculos.


Todo conhecimento de aprumos regulares, desvios e torções nos membros podem ser encontrados em livros específicos da área de Eqüideocultura, assim como em alguns sites especializados e de associações de criadores.


Após a observação dos aprumos é muito importante avaliar a conformação ou morfologia corporal, ou seja, aspectos de proporções e de angulação de membros, de acordo com cada padrão racial. Assim, dentro das especificações das raças, existem alguns aspectos de possível aparecimento que são mais desejáveis tais como tamanho e forma de dorso, tamanho e tipo de cabeça, altura de cernelha e garupa, ângulos de espádua e garupa, forma do pescoço, dentre outros. Assim se faz recomendável novamente, que se tenha em mente os aspectos raciais da raça escolhida, para fazer um comparativo na hora da compra.


Aliado a estes aspectos já comentados, é necessário atentar à idade dos animais. E qual a melhor idade para realizar a aquisição? A resposta para esta pergunta seria “depende”; pois não é uma “receita de bolo” a compra de animais. A idade escolhida deve ser feita em relações às condições que vamos poder oferecer a estes animais e com qual pressa queremos usufruir de nossos animais.


Desta forma, animais jovens antes de completarem os 18 meses, podem ser animais que apresentem um valor agregado menor de imediato, porem será necessário continuar o programa nutricional de desenvolvimento, atentando para possíveis problemas ortopédicos (NRC, 2007) e esperar algum tempo até completar a idade de iniciação (2,0 – 2,5 anos de idade). A compra de potros implicará no futuro em contratação de técnico especificado para realizar a doma e treinamento dos animais, que devem ser feitas por pessoas capacitadas, para não comprometer em um mau treinamento e desperdiçar o potencial esportivo do animal.


Animais adultos (3 – 5 anos) e já treinados apresentam a vantagem de conhecimento da capacidade e desempenho esportivo, desta forma sendo possível à utilização de imediato. Animais jovens e adultos com idade até 8 anos, não são muito recomendáveis à crianças e pessoas iniciantes, devido que geralmente apresentam-se com maior disposição e vivacidade. Desta forma, principalmente a crianças, deve-se dar preferência a cavalos de temperamento mais dóceis, com idade acima de oito anos e que tenha se um conhecimento do comportamento do animal durante as cavalgadas, para evitar-se possíveis acidentes e levar a traumas psicológicos que leve a uma perda de vontade em desfrutar dos benefícios da cavalgada.


Uma dica importante e paralela ao assunto é que pessoas iniciantes busquem em lugares especializados, bons cursos de iniciação a equitação e que utilizem matérias de proteção pessoal como capacete, colete e botas. Pois andar a cavalo, mesmo que um simples passeio é algo prazeroso.


Desta forma, foram apresentados os principais pontos de observação, avaliação e escolha de eqüídeos na hora de realizar a compra. O assunto é considerado complexo e muito se deve conhecer antes de realizar uma compra, porém as dicas aqui passadas podem trazer idéias e orientação à busca de conhecimento mais aprofundado do assunto. Todavia, a consulta e contratação de técnicos capacitados podem ajudar na hora da aquisição, pois como dissemos apresentam os “olhos treinados” para avaliação de animais; assim existem profissionais de nível superior como Zootecnistas, Médicos Veterinários e Agrônomos, que prestam serviços consultoria e atendimento pós-compra.






Material consultado:






LEWIS D. L. Alimentação e cuidados do cavalo. 1ª edição, São Paulo, Editora Rocca, 1995.


LEWIS, L.D. Nutrição Clínica Eqüina: Alimentação e Cuidados. São Paulo, Ed. Roca, 2000. 710p.


NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC, 2007. Nutrient Requirements of Horses. 6th revised, Washington DC. 2007.


TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do cavalo e de outros eqüinos. 3 ed. Nobel, São Paulo: 654p. 1992.


Leonir Bueno Ribeiro