Saiba como construir as melhores instalações para equinos

Ao se planejar o local para a instalação de equinos, a maior preocupação deve ser em relação ao conforto e praticidade, no trato com os animais. Eles necessitam de tranquilidade, as melhores condições de higiene, independentemente da classe ou tipo de animal. Isso concorre para a futura economia em mão-de-obra.

Na escolha do terreno ideal, devem-se observar alguns itens importantes, como o isolamento da cavalariça dos outros animais existentes na propriedade, a impermeabilidade do solo, de preferência o silicoso, para que não haja encharcamento, em caso de chuvas. O lugar deve ser alto, se possível livre dos ventos frios, protegido por árvores. O acesso deve ser através de pequenas rampas, para se evitar a entrada das águas de chuva.
A orientação mais desejável é no sentido Norte-Sul, se a construção for, dupla em forma de I. Se for de simples fileira, a face aberta deve estar voltada para o nascente. Se tiver a forma de U, de quadrado ou de L a abertura deve estar voltada para o Norte.
Como os equinos necessitam de maior espaço individual, suas instalações diferem daquelas feitas para o estábulo das vacas, onde se reduz, ao máximo, o espaço destinado a cada animal. Uma baia demasiadamente pequena pode trazer desconforto aos animais e causar-lhes acidentes, e deixará de cumprir sua finalidade. Pode-se fazer um “paddock”, servindo a dois boxes adjacentes, o que permite dar-lhes uma área maior, e economizar material de cerca, que nesse caso, pode ser de réguas de tábuas.
Quando se trata de um potro, ou garanhão, constroem-se cocheiras com portas externas, nos boxes, abertas para um piquete ou “paddock”, que serve para o animal se exercitar por algumas horas.
O tipo de cocheira deve ser escolhido, considerando-se o número de animais, a topografia do terreno, a facilidade do serviço e as questões de ordem econômica.
Não se aconselha acumular grande número de animais numa mesma cavalariça, devido à dificuldade de separá-los por classe, como potros, garanhões, animais de trabalho, éguas etc., nesse caso, haveria perda de tempo pelos tratadores, além do desgaste dos próprios animais, que ficariam estressados.
Quando o número de animais é pequeno, até 10, por exemplo, o serviço será fácil, tanto na cavalariça simples como na dupla, porém quando se trata de muitos animais, 20, 30 ou 40, a cavalariça se tornaria tão comprida que muito tempo se perderia com as idas e vindas dos tratadores. Denomina-se cavalariça simples quando há uma única fila de baias, e duplas quando são duas filas.
A dimensão do boxe deve ser de acordo com o tamanho dos animais, sendo necessariamente maior para os animais de tiro pesado e menor para os pôneis do que para os cavalos de sela de tamanho ordinário.
Os boxes destinados aos garanhões mais nervosos serão maiores que as dos potros e estas, maiores que as dos animais de serviço, castrados e mansos. As baias para éguas reprodutoras que permanecem no estábulo, por apenas pouco tempo, para receberem uma ração de concentrado, para uma inspeção diária, podem ser consideravelmente simplificadas e reduzidas, enquanto aquelas destinadas às parideiras (maternidades) precisam ser bastante amplas.
Podem-se dar duas disposições aos boxes, baias ou divisões individuais, para equinos. Com relação à disposição dos animais (sempre colocados paralelamente lado a lado) as cavalariças podem ser longitudinais, quando as suas divisões são dispostas ao longo do eixo mais longo do edifício, ou transversais se ao longo do lado menor.
A cavalariça dupla é de construção mais barata e torna o trabalho mais fácil que a de simples fileira, principalmente porque um mesmo corredor serve as duas fileiras de baias. As cavalariças em L, U ou quadrado são as mais adequadas porque comportam um pátio ladrilhado no meio, que se presta para a beberagem, as duchas, e outros cuidados de limpeza dos animais. Aconselha-se a cavalariça dupla, com um corredor central.
Geralmente reservam-se os boxes dos extremos, mais espaçosos, para os garanhões e, quando estes são poucos, para fêmeas recém-paridas, potros mais ariscos, animais machucados, em tratamento etc., ou guardanês. Os boxes deverão ter, de preferência, uma única porta.
Podem-se usar rodilhos de madeira ao lado das portas para impedir que os animais ajaezados se enganchem ao sair. Alguns desenvolvem o hábito de bater com os cascos na porta, estragando-a. Para evitá-lo, ela deve ser forrada com uma folha de ferro, na sua face interna, e, às vezes, também, no bordo superior, quando os animais adquirem o hábito de mordê-la.
O piso da cavalariça (boxes e corredores) deve ficar a 20 ou 25 cm acima do nível do terreno que o rodeia, a fim de facilitar o escoamento das águas de limpeza. Deverá ser revestido de concreto, ladrilhos, de cimento estriado (usado em calçadas) ou de asfalto e pedra britada. Recomenda-se, também, o piso de madeira, por ser bem suave e elástico, entretanto, seu custo é mais elevado.
Entre as juntas de madeira se deita cimento ou asfalto. Hoje estão se usando diversos tipos de borracha ou plástico para piso. Naturalmente só terão aplicação para animais de grande valor.
O melhor piso é o de concreto, com uma queda de 1: 70 ( 1 a 1,5 cm por metro) para fora, para escoamento da urina, onde os cavalos têm mais equilíbrio com a frente ligeiramente mais alta que a traseira. Para a drenagem da urina é melhor que se façam ranhuras pouco profundas, em espinha de peixe, para um canal central que escorrerá num canal coletor, no corredor. Os canais em espinha de peixe são adotados se a porta for central. Caso seja lateral, são usados canais oblíquos, convergindo para uma canaleta junto à  parede, ao lado da porta.
As divisões das baias podem ser fixas ou móveis. As primeiras são mais usadas pela segurança que apresentam, mas isolam, demasiadamente, os cavalos, o que não se aconselha,  do ponto de vista psicológico.
Todos os cantos ‘devem ser mortos. Nas paredes de alvenaria e de concreto, eles são cheios de cimento e arredondados. Isto facilitará a limpeza.
No caso dos cavalos de corrida, pode-se forrar as paredes com colchões de palha para evitar acidentes ou machucaduras pelos golpes, patadas etc.
Em qualquer piso deve haver uma inclinação suave para fora, de 1 cm em cada metro (até em cada 70 cm) a fim de facilitar o escoamento da urina e água de lavagem, se for o caso. É preciso cuidado para não tornar esta inclinação muito forte, pois afetaria os aprumos dos animais, forçados, constantemente, a uma posição defeituosa, fazendo-os adquirir taras nas articulações, manqueira e deformação das extremidades.
As cavalariças devem ser espaçosas, claras, bem ventiladas, secas e confortáveis. A estabulação racional tem uma influência considerável, quase tão grande como a alimentação, sobre a condição física dos equinos.
No alojamento do cavalo, há uma tendência para o ambiente tornar-se impróprio pela grande quantidade de água eliminada pela respiração, pelo suor e pela urina. Também o gás carbônico, amoníaco e outros gases produzidos pela fermentação pútrida dos dejetos e das camas umedecidas são prejudiciais aos cavalos, e precisam ser eliminados por uma ventilação adequada..
Os comedouros, destinados a alimentos concentrados, são colocados a um metro do solo, na parede de frente para o animal, ou num dos cantos dessa parede; deve ser de ferro, preferivelmente móvel, para se retirarem os restos de comida, velha e úmida, que fermentaria, provocando distúrbios gastrintestinais.
As mangedouras para o feno ou capim, preferencialmente de ferro, são colocadas à mesma altura, ao lado do comedouro, quando este está situado na parede fronteira, ou noutro canto.
Usam-se também comedouros de cimento armado que podem ser feitos na mesma ocasião da construção das paredes. Não devem apresentar rachaduras, nem cantos vivos, para facilitar a limpeza.
O melhor sistema de bebedouro interno é o balde que pode ser retirado com facilidade. Geralmente esse recipiente é encaixado em um anel preso à parede, num dos cantos posteriores do boxe, numa altura de 90 cm a um metro. Pode-se, também, encaixar o balde num receptáculo de concreto, bem mais amplo, como num tanque, com um ralo para o escoamento do excesso de água.
Qualquer cocheira, por menor que seja, tem um quarto destinado à guarda dos arreios, material de limpeza e de uso geral, medicamentos, desinfetantes, etc.
Deve ser um local seco e bem ventilado. Quando os arreios são dependurados na parede, esta deve ser convenientemente forrada para não estragá-los.
Nas cocheiras pequenas não há necessidade de uma sala para o preparo das rações. A palha e o feno podem ser armazenados sobre a sala de arreios e mesmo o milho pode ser aí depositado e retirado por gravidade, por um conduto de madeira. Já, em caso de cavalariça maior, existe essa necessidade.
O equipamento necessário para um grande estábulo consta de um picador de palha, ao qual pode-se adaptar um ventilador para transporte pneumático. Se possível, usar aparelhagem para retirar do alimento pregos, pedaços de arame etc. Um amassador de cereais ou na falta deste, um moinho, são necessários, para aveia, milho etc.
A iluminação artificial é sempre necessária, quer se utilize luz elétrica ou de qualquer outra fonte. Em qualquer dos casos, as lâmpadas devem ser colocadas suficientemente altas, fora do alcance dos animais, que deverão,  entretanto, dormir no escuro, porque descansarão melhor.
A cama dos equinos pode ser diária ou permanente. A cama diária, isto é, que deve ser trocada diariamente, só pode ser usada em cavalariças de luxo ou quando se tem apenas alguns animais. A cama permanente pode durar até quatro meses ou mais, oferecendo condições muito melhores do que a cama diária.
Para fazê-la, colocam-se cerca de 40 quilos de palha, bem espalhada, e depois, diariamente, cerca de 10 quilos, lembrando que o animal come um pouco dessa palha. Quando a cama atingir 30 cm, ela estará em boas condições para preencher plenamente suas funções, mas continua-se a “empregar palha e feno no chão.
 Geralmente, o cavalo come a parte melhor e deixa o resto. As fezes devem ser retiradas com cuidado; pode ser com um pouquinho de “palha que sai com o garfo”, mas é bom evitar-se  remexer a palha para não provocar emanações de vapores fétidos; pelo contrário, a palha deve manter-se sempre bem comprimida e junto à porta, coloca-se palha limpa e seca para evitar que se estrague.
Retiram-se as fezes pela manhã e durante o dia, batendo-se depois a palha nestes lugares com a costa do garfo para nivelar a cama.
Quando a cama é retirada, faz-se uma boa aplicação de cal; deixando-se o boxe vazio, por alguns dias, para desinfetar e secar bem, antes de ser novamente usado.
As cercas mais usuais são de arame liso grosso, ou de preferência, de aço ovalado e galvanizado, que pode ser mais fino e tem custo menor. Os postes poderão ser enterrados a uma distância de até cada 12 m um do outro, e em cada esquina se colocam mourões reforçados, duplos, para aguentarem o esticamento do arame, que é feito por meio de torniquetes.
Em alguns lugares onde há muita pedra e pouca madeira, os postes são feitos de pedra aparelhada e o arame amarrado.
Dado o custo cada vez mais alto da madeira, já se estão usando postes de cimento armado para os aramados. Tais postes já vêm com os furos para a passagem do arame. Se bem feitos, e de grossura conveniente podem durar eternamente, porém se finos e pouco vibrados, quebram-se com facilidade, à altura do solo, com os esbarrões dos animais.
Fonte: Arquitetando.xpg.com
Adaptação: Revista Veterinária

0 comentários:

Postar um comentário